sábado, 23 de janeiro de 2010

O Instituto Camões quer... fazer obra

Fernando Cruz Gomes

Mais uma volta de manivela... e aí temos nós, novamente, o Ensino de Português no Estrangeiro no centro das atenções. O Instituto Camões, com novas responsabilidades e nova Presidente, Ana Paula Laborinho, vai re-estudar toda a sua estratégia.
Pelo pouco que a nova cabeça daquele Instituto já disse, “o objectivo é a integração do Português nos sistemas de Ensino”. Como novidade, a ideia de que há a intenção de Portugal apoiar o Ensino do Português em Países como o Canadá e os Estados Unidos, onde essa tarefa cabe – tem cabido... – apenas a alguns clubes e associações e, necessariamente, aos Pais que pagam tudo, designadamente a pequeníssimas Escolas que nascem por geração espontânea.
Naturalmente que não estamos por dentro do espírito da nova Presidente, quando fala nestas coisas, nem sabemos se ela entendeu dever ouvir quem a poderia ajudar nesta matéria. Graça Assis Pacheco, que é, desde há anos, coordenadora do ensino de Português entre nós, deve ser hoje a maior autoridade na matéria por ser, quem, ao longo dos anos, tem lidado com um tema que acabará por doer muito a quem, como ela, se interessa pelo futuro da Língua. Nunca deve ter podido coordenar muita coisa. Nunca deve ter podido influenciar seja o que for, a não ser por persuasão directa, quando aceite.
Portugal, de facto, nunca apoiou o ensino em terras do Canadá. Nem com Livros. Nem com Professores. Nem com dinheiro. À investigadora séria que é Graça Assis Pacheco – a quem já criticámos, não por ela, mas pelo que representa – não devem ter passado despercebidos os problemas em presença. Ouvi-la seria o mínimo exigível a quem aparece, agora, a dizer, como é o caso da nova Presidente, que pretende apoiar o ensino do Português no Canadá. Se não queremos perder o Português, nestas paragens – onde a Língua forte que é o Inglês domina tudo – temos de actuar rápido e com consciência.
O que fizemos, até aqui, pelo menos em termos do Estado Português, foi facilitar o “genocídio” da Língua Portuguesa, que já se vai notando. O “genocídio” – termo forte, nós sabemos... – e uma certa “discriminação”, face à Europa. Para a Europa, há toneladas de Livros, e são poucos. Centenas de professores, que não chegam. E milhões de Euros que nem chegam para a cova de um dente... Para o Canadá... nada. Nem um Livro. Nem um Professor. Nem um Euro. Se não é “discriminação” é o quê?!
Olhar para o Instituto Camões apenas como fornecedor de Leitores para as Universidades... é pouco. Sobretudo porque amanhã – um amanhã próximo – não temos elementos nossos para essas Universidades. E os Leitores têm de ensinar só... a alunos de outras origens.
Algo terá de ser feito. E o Governo Português – este ou os outros anteriores – nada têm feito. Pelo menos no Canadá e nos Estados Unidos, que estão agora, pelos vistos, na mente da nova Presidente do Instituto Camões.
Os clássicos do PSD

Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira
Por muito que custe a alguns senhores da política, este PSD não está fadado para alternâncias governativas, enquanto existirem os clássicos dirigentes que sobem e descem o poleiro com a maior das facilidades, à custa de golpes de rins. Sejam antigos presidentes do partido, ou figuras de proa, barões ou figurões, mesmo os que andaram de derrota em derrota, de demissão em demissão. Relembrando Eça de Queirós “a conversação extinguiu-se. Ninguém possui ideias originais e próprias. Há quatro ou cinco frases feitas de há muito, que se repetem. Depois boceja-se. Quatro pessoas reúnem-se: passados cinco minutos, murmuradas as trivialidades, o pensamento de cada um dos conversadores é poder livrar-se dos outros três.
Perdeu-se através de tudo isto o sentimento de cidade e de pátria. Em Portugal o cidadão desapareceu. E todo o País não é mais do que uma agregação heterogénea de inactividades que se enfastiam.
É uma Nação talhada para a ditadura – ou para a conquista”. Esta visão queirosiana está actualíssima. O que se passa no país e aquilo que é a substância política do PSD, cujos homens, clássicos ou não, parecem não cheirar os vícios e eufemismos. Ainda agora falam de Barroso, Marcelo Rebelo de Sousa, Santana Lopes, Marques Mendes, Dias Loureiro, Fernando Nogueira, Cavaco Silva, Pinto Balsemão, Luís Filipe Meneses e todos os actuais que dizem que não prestam, qual grupo de inúteis que eventualmente estão a servir-se, em vez de servir a Pátria.
Calma aí. Há emblemas que não podem escusar-se a reconhecer que são aquilo que são, graças aos tempos em que militaram e aprenderam a cartilha política no PSD. No tempo de Sá Carneiro, Helena Roseta era uma mulher corajosa, sempre na primeira linha do partido. Parece não ter perdido essas qualidades, mas porque saiu? No tempo de Cavaco Silva, Leonor Beleza foi a mulher mais aplaudida de um Congresso do PSD e como Ministra da Saúde aparecia como o membro do Governo mais conhecido. Gente com notoriedade que a pouco e pouco fez a sua trouxa e desandou para outros afazeres, com e sem participação política, por motivos que toda a gente conhece. Gente válida, competente, com pujança e convicção, que ainda hoje participa na construção de Portugal com ideias próprias e que desalinharam do PSD.
Que lições deixaram Sá Carneiro, José Pedro Pinto Leite, Francisco Balsemão, Miller Guerra, Magalhães Mota, Mota Amaral, Alberto João Jardim, Proença de Carvalho, Miguel Cadilhe, João Salgueiro, Valente Oliveira, José Miguel Júdice, Mota Pinto, Ernâni Lopes, Duarte Lima, Eurico de Melo e a própria Manuela Ferreira Leite que hoje é tão criticada pelos que não souberam fazer melhor?
E como esquecer Macário Correia, Ferreira do Amaral, Pacheco Pereira (apesar de tudo) Leonardo Ribeiro de Almeida, Montalvão Machado, Rui Machete, Nascimento Rodrigues, Barbosa de Melo, Cardoso e Cunha, Carlos Encarnação, Silva Marques, Deus Pinheiro (um flop recente), Ângelo Correia, (actual “padrinho” do único que se diz candidato a líder do partido, Pedro Passos Coelho) Álvaro Barreto, Viana Batista, António Maria Pereira, Mira Amaral, Licínio Cunha, Couto dos Santos, etc. Porque se afastaram estas e tantas outras pessoas que deram credibilidade ao PSD e prestaram inestimáveis serviços a Portugal em funções governativas.
Fartaram-se certamente de gente oblíqua e miudinha que joga rasteiro e quer fazer dos outros marionetas. Quem cresce politicamente, manipula e de vez em quando, salta para a comunicação social ou outros palcos com belas cantatas, exibindo alguns tenores a troco de promessas miríficas. Olha-se para aquele partido e não se vislumbra ninguém satisfeito. Muitos deles nem pensam nos estragos e nos agravos que fazem, quando por vaidade e pedantismo, querem justificar-se de fracassos e de outras aventuras nebulosas.
Aqueles que já tiveram a oportunidade de liderar o partido, consomem-se em destruir sucessores e antecessores. Dão um triste e ridículo espectáculo público, esquecendo que se fizeram depressa demais, e ocuparam cargos de responsabilidade prematuramente, sem terem categoria nem competência para isso.
Acredito nas boas intenções do dr. Alberto João Jardim quando apela à união do partido e justifica porque quer um Congresso, mas à porta fechada. Só que num País como o nosso onde são frequentes as violações do segredo de justiça, e de outros segredos, com excepção das reuniões dos banqueiros bem servidos no banquete financeiro do Governo da República, a tarefa de realizar um Congresso à porta fechada, infelizmente, corre o risco das fugas de informação. Um risco que talvez valha a pena correr, por causa dos medíocres, dos demagogos, e dos complexados.
É tempo de virar a página no PSD. Mas torna-se expectável, que com tanto grupo, grupinho, grupelho, surjam desatinos e um monumental fiasco. Figuras como as que no passado lideraram o PSD triunfando, sem agradar a gregos e a troianos, ou sem preocupações de dividir o pudim de forma igual pelos que habitualmente se sentam à mesa para escolher tachos, já não existem. E se existem, não estão para aturar os milagreiros que se propõem construir um “regime novo” para o partido. Independentemente de quem tenha razão, uma coisa parece certa: Alberto João Jardim é bem visto pelo povo, pelas bases do partido. Só que a conspiração da classe dirigente dos tais milagreiros que se acotovelam para fazer curriculum, é poderosa.  http://www.jornaldamadeira.pt/not2008_12.php?Seccao=12&id=143221&sdata=2010-01-21

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