Nasceu uma estrela.
A estreia do ministro da Educação provocou entusiasmo genuíno e inesperado nas bancadas da maioria. Foi um frisson.
O ponto alto da manhã do segundo dia do debate do programa de Governo foi a estreia parlamentar do ministro da Educação. O estilo direto, simples e pragmático de Nuno Crato mereceu o aplauso mais entusiasmado das bancadas da maioria em todo o debate. Bastava olhar para os rostos do PSD e do CDS para sentir que não foi um aplauso de circunstância: foi um aplauso de adesão a um estilo e a um programa.
As últimas palavras de Nuno Crato nas respostas aos deputados da oposição podem ter ajudado a esse reação entusiasmada. "O Ministério da Educação é uma máquina gigantesca que, em muitos aspetos, se sente dona da Educação em Portugal. Eu quero acabar com isso", disse o governante, respondendo a uma referência que havia sido feita por uma deputada do Bloco de Esquerda.
Rita Calvário tinha deixado a provocação momentos antes: "Folgo em vê-lo à frente de um ministério que em fevereiro disse que devia ser implodido". E Nuno Crato não se negou à resposta.
Mas mesmo antes deste soundbyte final, o ministro já tinha conquistado a sua maioria com uma defesa apaixonada da introdução de maior rigor no sistema de ensino, dando, uns atrás de outros, exemplos que ilustram a sua máxima de que "há muitas coisas que se conseguem fazer com pouco dinheiro, desde que haja determinação e vontade".
Tirar-lhes as máquinas de calcular
Nuno Crato foi dando exemplos dessas coisas que não custam dinheiro e fazem a diferença, como mexer nos "programas muito pouco exigentes, cujo currículo tem de ser reformulado", ou tirar as máquinas de calcular das salas de aula dos meninos do 5.º ano, que ainda estão a consolidar a capacidade de cálculo matemático, ou aumentar a exigência em relação aos manunais escolares.
O ministro da Educação também não esqueceu a importância de uma prova de acesso à profissão de professor ("É uma das maneiras que temos para que sejam os professores mais bem preparados a entrar no sistema de ensino"), mas deu atenção particular à exigência na avaliação dos alunos.
Defendeu que a "avaliação não pode ser feita com provas que não se sabe exactamente o que vão avaliar, que mudam o grau de dificuldade de um ano para o outro e que não se centram no essencial", refletindo antes os preconceitos ideológicos de quem as concebe.
E respondeu à ideia de que "para facilitar a vida aos filhos dos pobres é preciso diminuir exigência: eu sou exatamente partidário do contrário", declarou Nuno Crato, considerando que se não houver o mesmo grau de exigência para todos, "são os filhos dos mais ricos que têm hipóteses alternativas".
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