Os emigrantes portugueses parecem estar a recuperar a capacidade de poupança ou a apetência por as enviar para o seu país. As remessas destes residentes no exterior cresceram 5,2 por cento no primeiro semestre deste ano face a igual período do ano passado, de acordo com os últimos dados disponibilizados pelo Boletim Estatístico de Agosto do Banco de Portugal...
Até Junho, entraram 1080 milhões de euros de remessas de emigrantes, contra 1025 milhões no período homólogo, segundo notícia publicada pelo «Diário de Notícias». Trata-se de uma subida ligeira, mas que poderá indiciar uma inversão de tendência, uma vez que os valores anuais destas transferências têm vindo a diminuir. Com efeito, no total de 2009, os emigrantes portugueses tinham enviado para Portugal menos 8% de dinheiro do que em 2008 e neste último ano a queda já tinha sido de 4% face a 2007.
Esta redução explica-se pela alteração do perfil do emigrante, que cada vez menos perspectiva o seu trabalho no exterior como uma aposta essencial no aforro para um regresso futuro. As segundas e terceiras gerações das fortes vagas de emigração preferem radicar-se nos países de residência e aí aplicarem as suas poupanças e investimentos.
No entanto, os meses de Maio e Junho registaram uma subida mais significativa nas remessas enviadas, face a 2009. Assim, o crescimento homólogo em Maio foi de 13,4 por cento, enquanto em Junho se situou nos 11,9 por cento. Resta esperar pelo comportamento dos restantes meses até final de 2010, para se poder concluir se estamos de facto perante uma inversão da tendência de queda. França continua a ser o país de onde são enviados os mais elevados montantes.
Com uma comunidade portuguesa residente que ascende aos 788 mil emigrantes, a segunda maior, as suas remessas atingiram os 407 milhões de euros, mais 1,8 por cento do que no semestre homólogo de 2009. Curiosamente, a maior comunidade portuguesa a residir no exterior, ou seja, a dos Estados Unidos (1,1 milhões de portugueses), é a terceira em volume de remessas, muito longe das residentes em França e na Suíça, que ocupam o segundo lugar. Os portugueses que trabalham nos EUA enviaram para Portugal 68,6 milhões de euros no primeiro semestre, mais 6,3 por cento que em igual semestre do ano passado.
Este é um exemplo de uma comunidade emigrante de características bem diferente da francesa, que não dá tanta prioridade ao aforro. Os 160,7 mil portugueses a residir na Suíça são, de facto, os emigrantes com maior capacidade de poupança e predisposição para enviar o dinheiro para o seu país, tendo em conta a sua dimensão. São pouco menos de um quinto dos portugueses a residir em França, mas, até Junho, as suas remessas atingiram os 268 milhões de euros. E estão a crescer fortemente: face ao primeiro semestre do ano passado, estes montantes cresceram 20 por cento.
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