sexta-feira, 8 de abril de 2011

CUIDADO COM OS VAMPIROS !

Quem nos avisa é o Prof. Campos e Cunha
Já o saudoso Zeca Afonso há muitos anos nos avisou dos vampiros na sua célebre canção: “eles comem tudo e não deixam nada”.
Campos e Cunha, professor universitário de economia, foi Ministro das Finanças no 1º governo de Sócrates, em 2005, tendo-se então demitido por discordar já então do aumento da despesa pública. Conheceu, pois, Sócrates muito bem. Numa recente entrevista ao ‘Público’, que terá passada despercebida, previne-nos que estamos a assistir à vampirização socialista sobre a sociedade civil. Será preciso um banco de sangue, tipo FSI- Fundo de Sangue Internacional???... Bom, mas vejamos o que ele nos avisa nessa entrevista, de onde destacamos:
"Esta crise governamental foi desejada e planeada pelo Governo", "há várias semanas que o Governo adivinhava o final desta semana e antecipou-se" e "Estamos a viver um filme de terror em que o drácula culpa a vítima".
Prossegue Campos e Cunha, dizendo que: "como o Governo sabia antecipadamente o que iria acontecer às contas de 2010 e quis precipitar a crise antes do descalabro final; assim, negociou e ajustou um conjunto de medidas (vulgo PEC-4) apenas e só com os nossos parceiros europeus. Nesse pacote estava tudo o que o PSD tinha vetado em negociações anteriores (PEC-2 e PEC-3). Apresentou essas medidas, num primeiro momento, como inegociáveis. O PSD, orgulhoso da sua posição disse um "não" também inegociável. No dia seguinte, o Governo, dando o dito por não dito, afirmou-se disposto a negociar. Mas o PSD caiu que nem um patinho e o Governo caiu como o próprio queria e planeou".
E Campos e Cunha prossegue: “A partir de agora, para Sócrates as culpas são do PSD: A queda brutal dos ratings, a subidas das taxas de juro, o descalabro das contas públicas serão tudo culpa do PSD (...) que vai passar o tempo a justificar-se, ou seja, perdeu a discussão. Pode não ter perdido as eleições, a ver vamos, mas pode perder a maioria absoluta".
Para o antigo ministro de Sócrates, "estamos a viver um filme de terror em que o drácula culpa a vítima de lhe sugar o sangue. Estamos a viver o malbaratar dos dinheiros públicos durante muitos anos, com especial relevância nos últimos cinco. Estamos a sofrer as consequências da dita política keynesiana de 2009 que teria permitido que a recessão fosse apenas de 2,6%. Muitos defenderam tal irracionalidade, mas também houve quem chamasse a atenção da idiotia de tal abordagem numa pequena economia, sem moeda própria e sem fronteiras económicas"…
Campos e Cunha deixa um alerta aos portugueses: "tudo isto tem um rosto e um primeiro responsável. Lembrem-se disto no dia do voto e não faltem…".
Entretanto, 4 economistas portugueses pediram um inquérito contra a Moody's, a Fitch e a Standard & Poor's por crime de manipulação do mercado, acção que dará entrada na PGR na próxima semana, visto que tais agências «intervêm no mercado português» e «dominam mais de 90 por cento do mercado internacional”, pelo que «é preciso saber se as leis da concorrência são respeitadas». BRAVO! Até que enfim!
Os vampiros têm nomes: agências de rating, mercados financeiros, bancos e o desgoverno que lhes fez o jogo desde 2005. Vamos votar em quem nos diga a verdade e nos apresente um programa que, embora com sacrifícios, nos permita vencer os “vampiros”!
Sócrates "não é pessoa esclarecida para governar País"
O fiscalista Henrique Medina Carreira considerou esta quarta-feira que o primeiro-ministro, José Sócrates, não tem esclarecimento para governar o país e que confunde a defesa de Portugal com uma recusa "absurda e teimosa" de entrada do fundo europeu de resgate.
"Disseram ao primeiro-ministro que fosse orgulhoso e defendesse a pátria, e ele acha que defender a pátria é tomar aquela posição absolutamente absurda e teimosa, que não vai por diante. Ou é com ele, ou com alguém a seguir a ele, ou com ele mesmo depois, que o fundo terá de que vir, senão os juros galopam e nós não temos condições para o aceitar", afirmou Medina Carreira, em declarações à agência Lusa, antes de o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciar que o Governo vai pedir ajuda externa.
"É uma teimosia resultante de pouco esclarecimento. Não é uma pessoa esclarecida para governar o País", acrescentou o advogado e fiscalista, à margem do congresso ‘Quanto Custa ser Feliz’, organizado pela revista ‘Cais’.
Medina Carreira criticou ainda os principais banqueiros portugueses, que passaram de uma posição, "há poucos meses", em que defendiam que Portugal deveria manter o fundo à margem para apelarem agora ao mecanismo europeu.
"Lamento que hoje haja muitas pessoas, bem situadas na nossa sociedade, que clamam pelo fundo quando deveriam ter clamado há um ano e meio", afirmou, referindo que os bancos já não podem emprestar dinheiro ao Estado.
"Eles não têm dinheiro, por conseguinte não podem comprometer-se a emprestá-lo ao Estado. É uma constatação de merceeiro. Os merceeiros só vendem mercadoria se tiveram, os bancos só emprestam dinheiro se têm (...) é natural que a banca diga que financia a economia, mas que o Estado exige quantias de tal forma avultadas que não vamos ter meio", afirmou.

Um novo recomeço
Há coisas que acabam e outras que começam a partir de ontem, dia em que Portugal reconheceu precisar de ajuda externa
O inevitável vai acontecer: o pedido de ajuda externa da República Portuguesa. É o fim de algumas coisas e também um novo começo de uma nação com mais de oito séculos de história.
A nossa história mais recente teve vários factos marcantes: o 25 de Abril de 1974, o empréstimo do FMI em 1983, a entrada na (então) Comunidade Económica Europeia, em 1986, e depois o euro, no início deste século.
O dia de ontem marca assim um novo período na história portuguesa que estava anunciado há muito. O i, ao longo dos últimos meses, foi avisando que isto era pouco menos que inevitável, porque as finanças de um país não consentem passes de mágica para sempre. Vivemos durante uns tempos com défices (públicos e privados) que eram mais opiniões do que números; a partir de agora viveremos com mais números e mais próximos da realidade e também algumas opiniões, se calhar de sentido contrário.
E não é por o PEC IV não ter passado na Assembleia da República, como ontem voltou a dizer o primeiro-ministro, aliás numa alocução ao país sem força, derrotada - bem diferente daquela que tinha tido quando anunciou a sua demissão, a 23 de Março. Voltando às culpas do chumbo do PEC IV, há medidas do PEC III que ainda não saíram do papel, como as portagens nas Scut que eram para entrar em vigor em 15 de Abril. Ontem este governo recebeu um parecer a dizer que era inconstitucional, mas apetece perguntar porque deixou para a última hora o decreto-lei. Enfim...
Eu vivi a primeira crise do FMI - e sobrevivi. Mas claro que o ajustamento vai ser duro, provavelmente mais duro agora, porque nessa altura o nível de vida e as expectativas eram mais baixas, estávamos mais longe da média europeia. Nessa altura o FMI era um papão discreto - lembro-me até de que só passados muitos meses se conseguiu a primeira fotografia de Teresa Ter-Minassian, a chefe da missão do Fundo na altura.
Em 1983, a entrada do FMI não levou a que mudasse o conjunto dos políticos, até porque muito era atribuído aos excessos da Revolução de Abril e Portugal era visto como uma jovem democracia que era preciso apoiar e ajudar a viabilizar, até pelas nossas ligações à Nato, para que não caísse nas garras comunistas, como se dizia. Era o tempo da Guerra Fria e falava-se muito no valor estratégico do país.
Hoje as coisas são completamente diferentes. Somos parte da União Europeia e do euro, temos uma democracia estabilizada, as culpas podem ser de muita gente mas são, antes de mais, nossas. Não são só de José Sócrates, como é evidente, mas também são, em boa parte, dos governos do actual primeiro-ministro, que dirigiram o país nos últimos seis anos.
Estive na Grécia há três meses e as dificuldades eram evidentes, mas havia também uma grande consciência de que não era possível continuar no rumo em que o país tinha andado durante demasiado tempo. E Portugal há-de continuar... por Manuel Queiroz , Publicado em 07 de Abril de 2011  no Jornal i

Sem comentários:

Enviar um comentário