domingo, 7 de fevereiro de 2010

PORTUGAL VOLTA À CENSURA DE SALAZAR

Dançarinos do Poder desonram o Socialismo democrático e ofendem a Democracia
António Justo
Na sequência de saneamentos ideológicos de jornalistas como Manuela Moura Guedes, José Eduardo Moniz, anterior Director do "Público", não submissos à ideologia socialista, o Governo quer arrumar também com Mário Crespo, antigo professor da Universidade Independente e jornalista. À maneira portuguesa, na sequência dum jantar do Primeiro-ministro com dois outros ministros e um membro directivo da TV em que se falou mal e desbocadamente do cronista Mário Crespo do JN, o director do JN, José Leite Pereira, comunicou-lhe telefonicamente que não publicaria a crónica habitual prevista.
A mal da Nação, o PM José Sócrates persegue jornalistas, que não se submetam à sua ideologia. O governo sabe que o que preocupa o estrangeiro, em relação a Portugal, é a sua situação económica portuguesa, a caminho da bancarrota, não estando, por isso, a opinião pública estrangeira, atenta ao que acontece a nível democrático e social interno. Além disso, o governo conta com uma oposição parlamentar que, por razões de Estado, colabora com ele a nível de orçamento e, por falta de consciência cultural portuguesa, não está atenta ao que acontece ideologicamente no país. Por tudo isto, o governo tem liberdade de malucos. Em tempos de crise, sob vários pretextos, o povo é que vai à fava e são-lhe impostas pílulas amargas e as liberdades individuais passam a ser de menor valia, como vai acontecendo por esta Europa fora: Putin, Berlusconi, Sócrates, etc.
Assim, torna-se quase natural que os nossos mercenários do poder, em jantares de amigos da onça, decidam, entre vinho e palavras depredatórias, impedir a voz incómoda de Mário Crespo. A nação cala, como sempre faz perante os líderes do oportuno. Segue-se a tradição: “em casa sem pão todos ralham e ninguém tem razão” e quem “parte e reparte se não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte”! A nossa elite é, duma maneira geral, uma elite encostada que não se consegue afirmar pelo trabalho nem pela competência, mas geralmente pela esperteza. Trabalhar “faz calos”, e que “trabalhe o preto”, porque para “os barões” é melhor sujar a consciência do que as mãos! Os “mouros de trabalho” já há muito que abandonam Portugal!
A CENSURA DE HOJE É MAIS GRAVE DO QUE A DE SALAZAR
Assim, duma maneira geral, particularmente na classe política portuguesa domina a mentalidade de mercenário. Esta mentalidade é ampliada por uma tecnocracia a construir-se na EU. Não admira que os nossos dançarinos do poder façam tudo por tudo para também meterem os seus mercenários nos Media, nas grandes empresas e na administração estatal. É uma questão de mentalidade quase genética! Estado e Povo são-lhe alheios! O Estado português, se antes era administrado pela apagada e vil tristeza, passou, a partir das invasões francesas, a viver nas mãos da vileza dos mercenários da ideologia. Por isso embora Portugal tenha uma cultura que não se envergonha ao lado das dos grandes países, não temos uma cultura portuguesa cuidada nem uma cultura fundada de esquerda ou de direita de raízes profundas e próprias. As nossas elites são mestras em importar e transportar sem transformar nem se deixar transformar. Vivemos da boca para a mão atraiçoando a originalidade portuguesa do início da portugalidade.
Pregam a tolerância para o povo e são intolerantes e invejosos nos seus motivos e nas relações com os outros quue querem subservientes às falácias do poder. Empertigados, só eles é que sabem, é que são “modernos” e se encontram em poder da verdade. Querem esconder a sua pequenez em projectos megalómanos, como o TGV, que mais tarde falariam deles! Quanto ao povo não importa o que come, o que importa são os arrotes dos grandes! A segurança vem-lhes dos quadros ocupados da administração e da retórica! Por isso são tão sensíveis a quem mostre o seu jogo, só aceitando jornalistas branqueadores da sua mentalidade, ou comprometidos do sistema, os tais “jornalistas competentes” que ao fazerem as perguntas aos seus interlocutores, em público, já as fazem com a tesoura na cabeça.
Esta atitude está em contradição com o apregoado espírito do 25 de Abril e com a tolerância democrática; a ignorância e os interesses não dão para entender isto.
Antigamente ainda poderia haver explicações que levassem a certas censuras: analfabetismo, a educação autoritária própria da época, defesa do sistema e razões de defesa da unidade do Estado. O biótopo social e histórico ainda era autoritário. Se hoje, apesar de todo o progresso, e de toda a educação democrática, o autoritarismo está tão presente e é tão agressivo, quer-se dizer que responsáveis de Estado de hoje se encontram menos desenvolvidos que Salazar que denominam de fascista. De facto o sistema democrático pressupõe a defesa sistemática de minorias, da pluralidade, e o espírito cívico cultivado. Como pode justificar o partido que se encontra no governo o uso de métodos antidemocráticos, métodos de sistemas fascistas?! Atitudes como as de Sócrates desonram o socialismo democrático! Uma contradição, uma incoerência disfarçada. Se os do antigo regime tinham a desculpa da mentalidade e do tempo, hoje os censuradores e manipuladores da opinião pública tornam-se mais fascistas do que aqueles que designam como tais! Quem persegue tão sistematicamente jornalistas como tem feito o governo de Sócrates não tem autoridade para defender a democracia, nem tão-pouco a partidocracia, nem sequer autoridade tem para criticar o regime do Estado Novo. Pelo que mostram, se estivessem no lugar dos governantes do Estado Novo, ainda seriam mais autoritários que eles. Ou será que querem fazer retroceder a roda da História?! Esta gente encontra-se na mó de cima a pretexto da liberdade, da igualdade e da solidariedade. A legalização do voto não os pode legitimar pelas barbaridades que fazem. Isto parece uma democracia caricata, em que um governo de minoria tem a ousadia de perseguir quem o critica. Antes tínhamos um povo pobre mas honrado; pelo que se vê, ganha-se a impressão de que estamos a caminho não só dum povo pobre mas também dum pobre povo!
Quem não segue a política de Sócrates e seus camaradas leva! Na Rússia matam os jornalistas não conformes, em Portugal, país de brandos costumes”, “cortam-lhes as pernas”! Só há respeito pelos da “seita”!
Numa sociedade doente, a má consciência e o mau governo socorrem-se do silenciamento. Necessitamos dum país não rico mas honrado. Precisamos de bons exemplos, de pessoas de estado e não de jacobinos! Um Estado que teima em viver do oportunismo, da hipocrisia e da inveja não sairá da cepa torta! Progresso é mais eu ideologia!
A tolerância dos portugueses deixa de os honrar, quando toleram a intolerância. É pena que um governo que tendo, muito embora, tomado algumas iniciativas corajosas, se rebaixe tanto e revele tanta aversão à liberdade de opinião e tanto desprezo pelos que não são da própria cor!
Nos momentos difíceis é que surgem os heróis. Levantem-se as pessoas honestas e honradas de todos os partidos e insurjam-se contra as arbitrariedades dalguns que além de desacreditarem um socialismo democrático se revelam antidemocráticos, nas suas atitudes dentro do Estado. Um Estado democrático tem direito a ter cidadãos e não só súbditos! Para isso precisa mais de cidadão eleitos e não tanto de indivíduos escolhidos! Dos Media portugueses não podemos esperar muito porque estão dependentes das esmolas e dos pareceres dos seus “superiores”!
Boa noite Portugal! Bom dia Doutor Crespo! Portugal precisa de muitos homens e mulheres assim, que se debatam por um Portugal digno e honrado em que a honra não continue açambarcada por alguns mas passe a ser democratizada! Importa ter compreensão pelos que trabalham para matar a fome do estômago e a quem não é permitida ainda a fome cultural e também por uma geração demasiado preocupada em defender os postos que tem e que para serem mantidos ou promovidos não têm outro meio que não seja a hipocrisia! Surjam porém mais cidadãos para que haja menos súbditos! Difícil em tempos de crise! E Portugal tem-se encontrado sempre em crise!... Ou será que Portugal é mesmo ingovernável por carência de governados e de governadores? Então só como até agora ou anarquia! - António da Cunha Duarte Justo

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