terça-feira, 11 de maio de 2010

Faleceu o nosso lutador e amigo Mário Montalvão Machado, um dos fundadores do PSD

Um dos mais emblemáticos militantes do PSD morreu hoje, aos 89 anos, em casa, em Santo Tirso. Mário Montalvão Machado licenciou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, tendo sido um dos fundadores do Partido Social Democrata e presidente do grupo parlamentar da Assembleia da República entre 1988 e 1992. Em 2007, o advogado portuense foi agraciado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. O corpo de Montalvão Machado encontra-se em Câmara Ardente na Igreja das Antas, no Porto, e o funeral realiza-se amanhã de manhã no cemitério do Prado do Repouso.
Um dos Homens Grandes. Um Homem que se dava ao respeito e que tinha dificuldade em perceber a política e os políticos dos dias de hoje. Em todas as decisões pessoais e políticas, Mário Montalvão Machado falava de Honra e Respeito e não percebia que algumas se tomassem sem essa consideração. Mantinham-se inexplicáveis se não fossem fundamentadas com (ao menos) um desses valores. O Homem que não foi Presidente da Assembleia da República por ter abandonado a sala para não falar de si próprio; o Homem que num Congresso aos pulos e aos berros contra um militante, gritou exigindo respeito; o Homem que liderou sem retorno a bancada do nosso Partido; o militante nº 6, um dos que o fundou, faleceu hoje e leva consigo um pouco da alma social-democrata. Um bem haja onde quer que estejas. http://psicolaranja.blogs.sapo.pt
Quem deve pagar o pacote de ajuda ao Euro?  
A zona do euro vive uma crise sem precedentes na sua história. (Keystone)
O pacote de 750 milhões de euros foi criado para ajudar temporariamente os países em déficit da zona euro e salvar a própria moeda.
O professor Dirk Niepelt, diretor do Centro de Estudos de Gerzensee na Suíça, tem dúvidas sobre a eficácia do plano a longo prazo.
Os mais de um trilhão de francos garantidos pelos países da União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) à zona euro são somas gigantescas, sobretudo frente ao PIB e receita fiscal das economias dos países atingidos.
swissinfo.ch: Como o senhor avalia as medidas tomadas nesse último final de semana?
Dirk Niepelt: O que considero positivo no pacote de medidas é que alguns países sob pressão confirmaram claramente tomar medidas adicionais para estabilizar seus orçamentos.
Porém essas medidas não evitam a médio e longo prazo problemas consideráveis. Em primeiro lugar, elas estão baseadas na premissa de que dívidas públicas sejam garantidas pelos contribuintes de outros países.
O resultado é que essa possível redistribuição de recursos enfraquece os incentivos à manutenção de uma política fiscal favorável ao orçamento. Por outro lado, existe também o perigo da credibilidade do Banco Central Europeu (EZB, na sigla em alemão) sofrer com isso.
As intervenções se justificam muito mais por um raciocínio de curto prazo. Em particular, existe um temor de que os especuladores percam a visão sobre os dados fundamentais e que, por isso, ocorram excessos no mercado.
Em tais situações pode ser útil definir um sinal claro. Mas este precisa ser credível, sobretudo para que o efeito desejado seja duradouro. A magnitude dos compromissos firmados durante o final de semana lança, porém, dúvidas.
Finalmente não é possível esquecer que a fraqueza do euro atualmente combatida também tem seu lado positivo. Sobretudo a indústria de exportação de alguns países da zona euro com problemas de balanço comercial poderiam tirar proveito da desvalorização do euro.
swissinfo.ch: Qual o papel da Suíça nisso?
D.N.: Parto do princípio que o Banco Central Suíço (BNS) esteja atuando estreitamente junto com outros bancos centrais estrangeiros para combater uma retomada da incerteza no mercado interbancário, na raiz dos problemas.
swissinfo.ch: O euro teve uma valorização marcante na segunda-feira. Esse grande entusiasmo pode passar em uma semana?
D.N.: Muitos atores no mercado financeiro estão claramente satisfeitos com as promessas feitas no final de semana. No entanto, é bem possível que o programa de estabilização venha a mostrar ter sido uma vitória de Pirro.
Os problemas fundamentais foram solucionados a médio e longo prazo apenas de forma parcial. Pelo contrário: caso haja uma perda de credibilidade em relação ao BCE, então podem surgir novos problemas.
Dirk Niepelt, diretor do Centro de Estudos de Gerzensee. (zVg)
swissinfo.ch: O pacote pode ter uma influência sobre a inflação?
D.N.: A ideia básica da rede de segurança é que os compromissos dos países atingidos sejam financiados através das receitas fiscais e não desvalorizados através de uma repentina inflação. Essas receitas fiscais devem ser originadas, ou dos próprios países, ou, no caso das garantias, de outros Estados europeus.
Dessa forma, não há uma ameaça imediata de inflação. Porém, a condição é que o BCE possa defender sua autonomia e também a política de estabilidade da moeda.
No caso de garantias no valor de centenas de bilhões de euro questiona-se naturalmente se os países do euro querem, e tem condições, de financiar os pagamentos já confirmados aos países vizinhos, se isso for necessário. Ou se eles também pressionarão o BCE por ajuda.
Nesse contexto, será importante que o BCE mostre que vê como sua principal função a defesa do poder de compra do euro e não a solução de problemas fiscais de determinados países da zona euro. Ele também tem de deixar claro que entre esses dois polos não existe uma correlação imediata e direta.
swissinfo.ch: A imprensa suíça também reagiu de forma cética ao pacote, assim como a britânica. Suas críticas vão mais contra os causadores dos déficits, enquanto a imprensa na zona euro vê nos especuladores e nas agências de rating os principais inimigos. Quem é o verdadeiro culpado?
D.N.: É possível que a especulação tenha agravado os problemas fundamentais nos últimos dias, mas ela não é seguramente a principal causadora. Os especuladores são responsáveis, em parte, por funções importantes em uma economia.
Na política europeia já se defendeu no passado uma posição em que os problemas da dívida de determinados países do euro representam um perigo direto para a moeda. Isso não precisa ser necessariamente verdadeiro. Um Estado de uma confederação como a dos Estados Unidos pode, por exemplo, ir à falência sem que isso tenha uma influência imediata sobre o dólar.
Nesse sentido, o BCE poderia ter reagido a essa situação de uma forma mais comedida e não ter se deixado convencer que se tratava de defender a “comunidade de destino” Europa.
swissinfo.ch: A crise do euro tornará os suíços ainda mais céticos em relação à União Europeia?
D.N.: Não me surpreenderia se isso ocorrer.
swissinfo.ch: Frente a essa grande dimensão de déficits, será que os europeus irão relativizar sua ira contra o setor financeiro helvético e a evasão fiscal?
D.N.: Em curto prazo o debate sobre o setor financeiro da Suíça e a evasão fiscal irá atrair um pouco menos a atenção.
Porém, os problemas fiscais de muitos países não estão resolvidos. A questão de como os gastos públicos devem ser cobertos não irá perder, portanto, sua importância. Alexander Künzle, swissinfo.ch - (Adaptação: Alexander Thoele)
Dirk Niepelt
Dirk Niepelt é diretor do "Centro de Estudos de Gerzensee", professor na Universidade de Berna e professor visitante no "Institute for International Economic Studies" (IIES) da Universidade de Estocolmo.
Niepelt fez seu doutorado em economia no renomado MIT ( Massachusetts Institute of Technology) em Boston e na Universidade de St. Gallen. In: http://www.swissinfo.ch/por/economia/Quem_deve_pagar_o_pacote_de_ajuda_ao_Euro_.html?cid=8857096

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