quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Rogério Sampaio, Secretário do Sindicato Syna:


Sábado também vão manifestar-se em Berna
http://www.syna.ch/attualita.html


''A greve dos serviços consulares e missões diplomáticas é vergonha nacional'' 
Os funcionários consulares portugueses na Suíça estão em greve por tempo indeterminado. As razões são inúmeras, mas, o que mais tem afectado directamente esses funcionários, tem sido o salário miserável, que tem vindo à receber devido ao curso do Euro em relação ao franco. Embora esses funcionários vivam e trabalhem na Suíça, curiosamente os seus salários dependem do curso do euro. Com a valorização do franco suíço face ao euro e dólar, há trabalhadores consulares a receberem salários líquidos de CHF 2700, valor abaixo do mínimo permitido pelos sindicatos suíços, para trabalhadores sem qualquer qualificação profissional. Devido a vários cortes, aumento de impostos e corte em 50% do 13° mês, os trabalhadores consulares perdem entre 35 a 50% do seu poder de compra.

Pergunta-se ao Sr. Paulo Portas, o apóstolo pregador e defensor dos mais necessitados, (vulgo campanha eleitoral) que tanta propaganda fez durante a campanha, contra o subsídio à preguiça e a favor de quem trabalha e ganha pouco, onde está o seu critério de justiça, onde estão as promessas? Agora que é responsável pela diplomacia portuguesa, de quem dependem os trabalhadores consulares e missões diplomáticas, faz-se de surdo, cego e mudo, envergonhando toda uma nação.

Se os mais necessitados não podem sequer custear medicamentos (propaganda eleitoral), os trabalhadores consulares que são a “testa de ferro” do abandono a que os trabalhadores imigrantes são votados, porque são eles a suportar toda a irá desse abandono, escutando nos consulados e embaixadas, em nome do Governo, o que querem e não querem ouvir, vêem-se abandonados a sua sorte, com salários de miséria, arriscando ao incumprimento dos seus compromissos, como renda, seguro de doença e educação dos filhos, tornando-se os verdadeiros Working poor. Como termo de comparação, um casal que vive da ajuda social na Suíça recebe mais que esses funcionários.

Quem não conhece o custo de vida da Suíça? O aluguer de um apartamento em Zurique custa acima de CHF 1700.- O seguro de saúde entre CHF 250.- e 300.-, o passe social para se deslocar ao trabalho entre CHF 88.- e 200.-, que dinheiro resta um funcionário consular para outras necessidades, alimentação, seguro de doença da esposa e filhos etc.?

O Sindicato Syna que é veemente contra o pagamento em Euros, apoia a luta dos trabalhadores consulares e solidariza-se com a sua luta. Apela o Governo português a repor rapidamente a legalidade, porque além dos trabalhadores consulares, os 200 mil imigrantes na Suíça estão sem apoio consular no momento crucial de início das actividades escolares.

Como portugueses sentimos envergonhados por esta situação constrangedora, que desprestigia o país e a diplomacia portuguesa, além dos prejuízos causados aos trabalhadores imigrantes que graças ao seu esforço o Governo português aproveita das suas remessas para equilibrar a balança de pagamentos e o orçamento nacional. Somos lembrados só no momento de eleições, quando a cadeira do poder está em risco.

Tanto os trabalhadores consulares como os imigrantes merecem mais respeito do Governo e do Sr. Paulo Portas responsável pela tutela dos serviços consulares. É vergonhoso que a as autoridades suíças estejam mais empenhadas na procura de soluções para este problema do que os nossos governantes. Na imprensa suíça tornamos notícias pelas piores razões o que levou a presidente Micheline Calmy-Rey a prestar solidariedade aos trabalhadores em luta.

Aos funcionários consulares e o respectivo sindicato, não resta senão, continuar a greve até que à voz da razão prevaleça.

Unidos vencerão. Rogério Sampaio Secretário do Sindicato Syna
A convite da União Sindical UNIA os trabalhadores consulares em greve estiveram hoje reunidos em Berna

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