Suíça: Emigrantes sem atendimento consular há quase um mês "bombardeiam" conselheiro da comunidade com queixas
Lisboa, 21 set (Lusa) – O conselheiro da Comunidade portuguesa na Suíça disse hoje que está a ser "bombardeado" diariamente com queixas de emigrantes que estão sem atendimento consular há quase um mês devido à greve dos funcionários dos consulados e missões diplomáticas.
"Não há um dia em que não seja bombardeado com estas questões e não sou só eu que estou a receber estas queixas, os próprios chefes dos postos consulares na Suíça estão a receber essas queixas permanentemente", disse Manuel Beja à Lusa.
O representante dos emigrantes da Suíça no Conselho das Comunidades adiantou ainda que só na semana passada foi entregue no consulado de Zurique um abaixo-assinado em protesto contra a interrupção dos serviços consulares com centenas de assinaturas.
"Há realmente umas centenas largas de pessoas que estão a protestar", sublinhou, Manuel Beja, desafiando o secretário de Estado das Comunidades a dirigir-se à porta de qualquer um dos consulados para ouvir o que as pessoas dizem.
Cinquenta e seis funcionários consulares na Suíça iniciaram no dia 29 de agosto uma greve por tempo indeterminado por falta de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros relativamente aos salários.
Em causa está, segundo o sindicato de trabalhadores consulares, a perda de poder de compra dos funcionários provocada pela desvalorização do euro face ao franco suíço.
A greve está a ser cumprida pelos trabalhadores da embaixada de Portugal em Berna, da missão junto da ONU em Genebra, dos consulados naquela cidade e em Zurique, bem como os escritórios consulares em Sion e Lugano, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCDE).
Manuel Beja confirma que os serviços não estão a funcionar e que às pessoas que continuam a ir diariamente ao consulado resta apenas falar com o chefe de posto.
O conselheiro lembra que o problema dos funcionários consulares já tem dois anos e não compreende o silêncio do Ministério dos Negócios Estrangeiros relativamente a este assunto.
"Estes funcionários são muito penalizados por um euro fraco e um franco suíço bastante forte e os salários são pagos em euros. Neste momento, um trabalhador consular médio recebe menos que uma mulher de limpeza na Suíça e outros funcionários não têm possibilidades de pagar os compromissos como a renda da casa ou o seguro de doença", explicou.
Manuel Beja adiantou que o impasse criado está a prejudicar os cerca de 250 mil portugueses que vivem na Suíça, considerando que os emigrantes "mereciam outro tipo de consideração" do Governo de Lisboa.
"Já houve tempo suficiente para analisar o problema e dialogar com o sindicato. O sindicato tem feito esforços no sentido de entrar em diálogo com o ministério e o ministério volta as costas. O sr. ministro considera que é mais importante ir falar com os rebeldes na Líbia do que estar a ocupar-se dos problemas relacionados com os seus serviços", sublinhou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros, contactado várias vezes pela agência Lusa, têm-se escusado a comentar este tema e o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, que terça-feira deveria responder sobre o assunto na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, faltou à audição, alegando motivos de agenda relacionados com a preparação da visita do primeiro-ministro a Angola.
Manuel Beja manifestou ainda à Lusa receios de que, se a greve se mantiver, possam surgir "situações de desespero", quer dos funcionários, quer da própria comunidade, que precisa de documentos e não os consegue obter.
Trabalhadores consulares portugueses em greve na Suíça fazem manifestação no sábado em Berna - Sindicato
Lisboa, 20 set (Lusa) – Os funcionários consulares em greve na Suíça fazem uma manifestação em Berna, com o apoio dos emigrantes portugueses, dos sindicatos suíços e trabalhadores italianos no país, informou hoje o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCDE).
“O que vai acontecer no sábado, entre às 13:30 e 16:00 horas (locais), é uma manifestação em Berna, apoiada pelos sindicatos suíços. Haverá a deslocação de trabalhadores (consulares portugueses) de outras cidades, onde há representações nossas”, disse à Agência Lusa Jorge Veludo, secretário-geral do STCDE.
Segundo o dirigente sindical, “a manifestação vai ser, naturalmente, com o apoio de alguns sindicalistas suíços e colegas nossos italianos”, que também sofrem do mesmo problema de desvalorização salarial devido ao câmbio euro-franco suíço.
A manifestação, segundo Jorge Veludo, vai passar junto à porta das embaixadas portuguesa e italiana, em Berna.
“Haverá não só colegas nossos, mas também estamos a contar com algumas centenas de emigrantes portugueses, mobilizados com o apoio dos sindicatos suíços, que os portugueses integram”, referiu o sindicalista.
Veludo disse que os portugueses na Suíça que se juntarem à manifestação - entre eles, professores – estarão também a protestar contra o Governo de Portugal, que não resolve o problema dos trabalhadores consulares, o que origina a rotura nos serviços dos consulados devido à greve.
Cinquenta e seis funcionários consulares na Suíça iniciaram no dia 29 de agosto uma greve por tempo indeterminado por falta de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros acerca da sua situação salarial.
A greve está a ser cumprida pelos trabalhadores da embaixada de Portugal em Berna, da missão junto da ONU em Genebra, os consulados naquela cidade e em Zurique, bem como os escritórios consulares em Sion e Lugano, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCDE).
Na semana passada, o deputado socialista Paulo Pisco enviou uma carta aos ministros dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, e das Finanças, Vítor Gaspar, apelando ao Governo para que resolva a situação dos funcionários consulares em greve na Suíça.
O parlamentar do PS, que esteve na Suíça em reunião com os trabalhadores na semana passada, referiu à Lusa que os mais de 200 mil portugueses estão a ser muito prejudicados com a greve, pois muitos têm problemas urgentes a resolver nos consulados, mas não podem fazê-lo devido à greve.
A Lusa contactou várias vezes o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa, tendo o porta-voz sublinhado que não vão ser feitos comentários acerca da greve.
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