terça-feira, 2 de março de 2010

José Cesário esteve no Canadá e EUA

 O deputado José Cesário esteve entre nós
Tomar o pulso à Comunidade e esclarecer dúvidas
*Esclarecimento de nível geral sem falar em Partidos
Por: Fernando Cruz Gomes
Sol Português
O deputado José Cesário esteve entre nós. Uma visita habitual para tomar o pulso à comunidade e tentar entender muitos dos problemas que têm a ver com a comunidade portuguesa. Para além de se avistar com algumas personalidades locais, designadamente o Cônsul-Geral, Júlio Vilela, José Cesário entendeu fazer um esclarecimento, não como deputado do PSD... mas simplesmente como deputado.
O salão do Arsenal do Minho abriu, domingo, as suas portas para quantos quiseram estar presentes. E não estiveram muitas pessoas porque não houve grande informação. De qualquer modo, as cerca de três dezenas de pessoas que estiveram, no domingo, na colectividade da Dundas, puderam ouvir coisas interessantes, especialmente respeitante à vida em Portugal, ao relacionamento do País com as comunidades portuguesas. A jeito de pontos de vista que acabaram por dar a conhecer melhor o dia-a-dia do nosso País de origem.
De resto, não é muito vulgar um deputado de um dos Partidos Portugueses vir ao Canadá e... quase não falar no Partido que representa. O que levou, no final da reunião de domingo, um dos militantes do PSD dizer, pura e simplesmente, que estava quase decepcionado... por não ter ouvido falar no Partido.
Coisas de que se fala
O défice de Portugal, que era de 3 por cento há dois anos, disparou para um pouco mais de 9%. De qualquer modo, é ultrapassado por países como a Grécia, que tem uma situação mais delicada do que a nossa. A situação da Itália e da Espanha nem é comparável à nossa, porque tem outras capacidades para resistir. Nós – disse José Cesário – temos uma situação difícil, sob o ponto de vista económico e sob o ponto de vista financeiro.
Nos últimos tempos, como todos sabem, começámos a ter mais uma crise, que é a crise moral. Uma crise ética, se quiserem, “que tem a ver com o bombardeio sistemático de situações e escândalos diversos – políticos e outros. De recordar a situação da Casa Pia e outras que vieram pôr a nu a fragilidade do nosso sistema, especialmente na Justiça”.
E isto contribui para baixar o moral das pessoas. Para aumentar a descrença das pessoas nas instituições. E é por tudo isso que hoje há uma descrença tremenda nos políticos, como é tradicional, mas não só. Nos Juizes, nas instituições da Justiça, na Escola (que está, neste momento, claramente em causa).
O que há a fazer para sair da crise
Para José Cesário, a despeito de tudo... nem tudo é mau. Em muitos aspectos, nós conseguimos desenvolver significativamente o País, que não tem (quase) nada a ver com o País de há 20 anos atrás. Mas há problemas...
Para sairmos da situação, e segundo o deputado, “é preciso um grande rigor na governação. A despesa não pode continuar como até aqui, já que é preciso inverter, significativamente, determinadas políticas. Temos gasto demasiado em sectores que, se calhar, não deveríamos gastar. Mas, sobretudo, temos hipotecado, a prazo, o futuro das novas gerações para reagir. Temos de inverter esse ciclo. Contracção é palavra de ordem. Mas há domínios em que temos de ir mais longe. Temos de aumentar a competitividade das nossas empresas sobretudo no plano externo. Temos, forçosamente, de aumentar as exportações. Elas têm aumentado... mas pouco.
Lembra que o País que mais cresce (a China) já tem produtos portugueses que era impensável há alguns anos, nomeadamente em sectores, como os têxteis, as confecções, o próprio calçado. Há empresas portuguesas – Ana de Sousa, Vicry, por exemplo – que têm lojas na China. Conseguimos aumentar as exportações para a China vinte e tal por cento... “Isto é um sinal positivo, embora estejamos muito aquém daquilo que outros conseguiram fazer”, lembrou, para dizer que “a nossa Economia é uma economia fortemente dependente das exportações... mas, hoje, em termos globais, só exporta quem é competitivo.
Várias políticas externas
Lembrou por isso que nós, em Portugal, não podemos ter várias políticas externas. E a verdade é que a Administração Portuguesa é marcada por uma lógica de capelinhas, em que cada Ministério tem a sua politica. Temos o Ministério dos Negócios Estrangeiros, responsável pela política externa. Mas depois temos o Ministério da Economia, com outra política externa, através do AICEP, do Rurismo de Portugal, etc. Temos o Ministério da Educação, que também faz política externa através do Ensino. Temos o Ministério da Defesa, que faz política externa, através da cooperação militar.
“O primeiro grande passo a dar é conseguirmos ter uma política integrada a nível externo. E uma política integrada que aproveite também as sinergias que temos no exterior. Nós temos pontos de apoio no exterior que, nesse aspecto, muitos outros Países não têm. E fala nas comunidades, dizendo que é preciso não esquecer a valia que elas podem ter no plano da projecção exterma da nossa economia. Só que nem todos oljham para esta realidade.
Muitas perguntas. Muitas respostas. Entre os elementos que estavam na sala, pessoas que, por norma, sabem o que querem, entendem o valor certo de uma resposta certa.
Importa abrir horizontes
José Cesário vai dizendo que não tem “uma visão fechada das coisas, já que, para mim o que conta é saber se esta ou naquela política é correcta ou incorrectamente executada. Para além da seriedade e honestidade – que para mim são fundamentais – no plano prático, para mim, importa saber como é que nós nos comportamos. E há factores de desânimo, naturalmente. O facto de estarmos com um desemprego tremendo, já que em desemprego real devemos ter 560.000 pessoas inscritas nos Centros de Emprego, temos 140.000 que já estão para lá das estatísticas do desemprego (são os chamados inactivos). Tudo junto... signiifica 700.000 pessoas. É cerca de 12 a 13%. Ora, isto é dramático, sobretudo quando nós sabemos que essa gente dificilmente vai arranjar novo emprego. O grande problema é saber que quem não tem emprego... vai viver como? Isto é um factor de desânimo. Sobretudo – diz - para quem olha para estas coisas e quer ver uma luz ao fundo do túnel. E pior é quando pensamos nos nossos filhos. Mas também tenho de vos dizer que há alguns motivos para termos alguma esperança... sobretudo se houver seriedade”.
E mesmo quando entre os presentes, houve quem falasse nos “enormes ganhos” dos elementos políticos, José Cesário não se “ficou”.
O meu vencimento como deputado – disse - é 200 Euros superior ao que eu teria como Professor. Mas eu tenho um colega que se senta comigo no meu Gabinete, que é professor catedrático, que se estivesse na Universidade receberia, líquido, mais 1.700 Euros do que recebe na Assembleia da República. Qualquer gerente bancário ganha mais do que eu. E, no fim... sou eu o ladrão, diz ele meio a sério meio a rir...
Pior... é que eu faço um projecto de lei, dois, três... e não tenho ninguém a apoiar-me, pessoalmente, para isso. Eu venho aqui ao Canadá, á África do Sul ou a qualquer outro lado... e tenho de telefonar a amigos para me ajudarem a fazer programas, a marcar hotel, etc. E talvez até seja por isso que as leis às vezes poderiam ser melhores. Nos Estados Unidos – e creio que no Canadá também – cada deputado tem cinco seis pessoas a dar-lhe assessoria. Têm uma secretariado pessoal. Eu... não tenho ninguém. E digo isto não para me queixar – quem corre por gosto não cansa... – mas é para perceberem o que é a Política em Portugal. Depois recebo despesas de transporte e ajudas de custo. Despesas de transporte igual a qualquer funcionário público; 38 cêntimos por quilómetro (para tudo).
Uma troca de impressões realmente interessante. Em que valeu, sobretudo, a desenvoltura das perguntas, com destaque especial para as que foram equacionadas por elementos como Leonardo Pereira, Berta Araujo, Fernando Pedrosa, Idalina Silva e José Carlos Sousa.
O deputado seguiu, depois, na segunda-feira, para Montreal, onde teve idênticas sessões de esclarecimento.
Começam a surgir problemas sociais entre portugueses nos EUA e Canadá - deputado
Lisboa, Portugal 01/03/2010 (LUSA) -  Serviço áudio disponível em http://www.lusa.pt/  ***
Lisboa, 01 mar (Lusa) - O deputado do PSD pelo Círculo Fora da Europa José Cesário alertou hoje que começam a existir problemas sociais, alguns dos quais complicados, com emigrantes portugueses atingidos pelo desemprego na América do Norte.
"É bom que haja a consciência em Portugal de que também nas nossas comunidades na América do Norte começa a haver portugueses em número significativo que estão a passar por significativas dificuldades em resultado do desemprego que também ali existe", disse o deputado à Agência Lusa.
José Cesário destacou particularmente a situação em Montreal, no Canadá, onde o "centro social da comunidade tem recebido centenas de pessoas que estão em situações que não são fáceis".
O deputado social democrata falava na sequência de uma visita que realizou aos Estados Unidos e ao Canadá de 19 a 26 de fevereiro.
Nesses dois países, o ex-secretário de Estado das Comunidades teve reuniões com elementos representativos das comunidades de Nova Jersey, Newark, Montreal e Toronto, que lhe apresentaram um conjunto de problemas, alguns recorrentes e outros novos, como os de natureza social.
Outro dos assuntos destacados pelo deputado foi o funcionamento das associações, que considera estarem numa "fase de viragem".
"Há abandono por parte das novas gerações que não participam na vida associativa, nomeadamente na vida diretiva das associações", sublinhou.
De acordo com José Cesário, as associações estão com uma "expetativa muito grande relativamente às alterações que irão ser desenvolvidas por parte do Instituto Camões quanto ao Ensino do Português no Estrangeiro".
"Quase todas as associações têm escola de português e têm a expetativa que essas escolas possam finalmente vir a merecer qualquer tipo de incentivo ou apoio, que não precisa de ser forçosamente material, mas a nível da formação ou certificação", disse o deputado, acrescentando que o futuro de muitas associações pode passar pelas alterações que irão ser feitas ao Ensino do Português no Estrangeiro.
José Cesário criticou ainda a falta de apoios oficiais à participação portuguesa no Festival "Montreal En Lumière", certame que este ano teve Portugal como país em destaque.
A organização do maior festival de inverno naquela cidade canadiana com um extenso programa de eventos culturais e gastronómicos viu negada a colaboração das autoridades portuguesas com vista ao planeamento de atividades.
A participação em representação de Portugal de uma comitiva de 21 chefes de cozinha e de 18 produtores de vinho só foi possível, porque este último grupo pagou os cem mil dólares (70 mil euros) que eram necessários. MCL/EF. *** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

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