quarta-feira, 24 de março de 2010

Quem tem “medo” da Emigração?

Fernando Cruz Gomes
Portugal, através dos seus deputados, perdeu ainda agora mais uma boa oportunidade de fazer as pazes... com a sua diáspora. Em cima da mesa estava um conjunto de projectos de diplomas que poderiam ser o ponto de partida para um novo “abraço” a quantos, longe da Mãe-Pátria, querem continuar a ser Portugueses de corpo inteiro.
Para já, e com votação bem significativa, o PS mostrou ser contra a Lei da Nacionalidade. Brincou com as palavras. Falou em naturalização. Falou em que talvez eles... já não falassem o Português. Deu uma volta “ao bilhar grande” e por aqui me fico...
E, neste caso, só se queria dar a nacionalidade de origem aos netos. A naturalização parece o mesmo... mas não é. Ora, o PS disse não, bem coadjuvado nos votos da outra esquerda. Ou seja, a esquerda, aí, uniu-se. Talvez a mesma esquerda que só no ano passado, no nosso querido País de origem, concedeu – ou fez conceder... - qualquer coisa como 70 MIL pedidos de nacionalidade aos IMIGRANTES (de África, Leste da Europa etc.).
Carlos Queirós – não esse do futebol, não, mas um colega que sabe chamar os bois pelo seu verdadeiro nome – pergunta, pura e simplesmente, porquê dois pesos e duas medidas? E ele próprio responde: Simples, porque IMIGRANTE vota no PS e na Esquerda! Tudo seria, assim, uma questão de votos. É que o Projecto de Lei n30/XI, que visava Alterar a lei da Nacionalidade, estendendo a nacionalidade portuguesa originária aos netos de portugueses, foi lamentavelmente reprovado na Assembleia da República, com os votos contra do PS, Bloco de Esquerda, PCP e Verdes, e a abstenção do CDS-PP. Todos contra. Trata-se – parece tratar-se - de uma grave decisão da maioria de esquerda existente presentemente no Parlamento Português, acompanhada estranhamente pela abstenção do CDS-PP.
Todos recusaram, uma vez mais, que a justiça fosse feita a milhares de descendentes de portugueses que legalmente se continuam a ver privados de acederem à nacionalidade dos seus avós.
O PSD reafirma que continuará esta justa luta pelo reconhecimento destes direitos, voltando a apresentar esta iniciativa num futuro próximo, na linha do que julga ser a mais elementar defesa das nossas Comunidades. Eles o dizem... nós concordamos.
De resto, neste caso, até parece que o PS falha “intencionalmente”. Os outros Partidos... sei lá porquê. Algo me diz, porém, que os chamados emigrantes estão condenados a não verem aceites políticas que lhes dizem respeito... porque NÃO VOTAM. Não votando... ninguém lhes liga importância. Do ponto de vista eleitoral... somos inexpressivos.
Votamos – os que votamos – para 4 deputados. Ou seja, pouco menos do que 1% dos que votam nas eleições em que estamos inseridos.
A resposta a toda esta paranóia... é-nos dada pelo confrade já citado. Para Carlos Queirós, só teremos um Parlamento efectivamente preocupado com as necessidades das comunidades e um Governo que actue junto à emigração... no dia em que elegermos um número significativo de deputados no Parlamento.
Sim... se a emigração elegesse, por exemplo, 15 deputados… tudo seria de facto diferente.

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