domingo, 21 de março de 2010

Política a Sério - JAS

Como vi o Congresso do PSD
Dito de uma forma simples, o PS em Portugal é o partido do Estado – e o PSD o partido da sociedade civil. Por isso, os congressos do PSD são tão palpitantes: as pessoas vêem que está ali representado o país real, nas suas forças e fraquezas, misturando ricos e pobres, senhores e servos, gente cautelosa e gente desbocada, intelectuais e iletrados.
Não vi o Congresso todo em directo, mas assisti ao momento-chave.
No fim do seu discurso da tarde, Passos Coelho pediu licença à plateia para dirigir uma última palavra ao companheiro Alberto João Jardim; e depois, virando-se teatralmente para o líder madeirense, disse-lhe que era capaz de lhe perdoar, tal como ele próprio (Jardim) tinha perdoado a Sócrates. E concluiu apelando para que perdoassem um ao outro os agravos mútuos.
A forma foi infeliz, a referência a Sócrates foi desastrada e a declaração foi artificial.
Logo que Passos Coelho começou a dirigir-se a ele, reparei que Alberto João Jardim franziu a testa. Mas nunca pensei que fizesse o que fez a seguir: quando Passos Coelho acabou de falar, Jardim levantou-se da mesa, despediu-se de Ferreira Leite, começou a caminhar pela sala – e, quando todos pensavam que ia sair para apanhar o avião para o Funchal, entrou na fila onde estava Paulo Rangel e sentou-se ostensivamente ao seu lado!  Foi um gesto assassino – e um momento decisivo do Congresso. Passos Coelho nunca deveria ter tido aquela iniciativa: primeiro, porque soou a falso, depois porque pareceu demasiado interesseira (visando ir buscar votos à Madeira, cuja contribuição é decisiva), finalmente porque constituía um enorme risco fazer um desafio a Jardim em directo. Passos Coelho só poderia ter feito o que fez se tivesse a certeza absoluta de que o seu pedido de mútuo perdão seria bem aceite. Não a tendo, arriscou-se ao que veio a acontecer: Jardim virar-lhe ostensivamente as costas, manifestando apoio ao seu principal adversário.
Paulo Rangel só não terá ganho aqui a liderança do PSD se o partido estiver distraído
Até porque, para lá disso, Rangel foi o claro vencedor do Congresso
Ele conseguiu inverter em Mafra a onda favorável a Passos Coelho
As suas intervenções foram claramente as melhores – não só quanto à substância mas também do ponto de vista emocional. O seu discurso de sábado à noite chegou a ser arrebatador: curto, estruturado, dito com alma, dirigido ao coração dos militantes e com ideias sintonizadas com a matriz do partido. Rangel disse duas coisas: que o PSD tem de reduzir a dívida pública, tirando esse encargo das costas das gerações futuras, e tem de garantir uma maior mobilidade social, promovendo a ascensão das pessoas das camadas inferiores – no sentido da criação de uma classe média mais ampla e mais robusta. E estes dois objectivos concorrem na mesma direcção: libertar e fortalecer a sociedade civil – que deve ser sempre o grande lema do PSD e a sua principal bandeira.
Os discursos de Passos Coelho e de Aguiar-Branco estiveram vários furos abaixo dos de Rangel
Aguiar-Branco é um homem sério, ponderado, mas tem um registo morno que não arrasta ninguém atrás de si. Passos Coelho foi muito auto-justificativo, enredou-se em explicações pessoais, falou pouco para a sociedade, não deu esperança aos militantes, e teve aquela tremenda falha que permitiu a Jardim bater--lhe com a porta na cara. Dir-se-á que a política não são só palavras – e que a oratória de Rangel não é tudo.
Mas, se a política não são só palavras, a política também são palavras: para convencer os outros, para lhes dar esperança e para ganhar eleições. E, neste aspecto, Rangel apresentou-se como o mais bem apetrechado – usando um estilo pouco estereotipado e sendo senhor de um vocabulário mais rico e impactante. Mostrou ainda ser um político com coração – o que é meio caminho andado.
O encerramento do seu discurso da noite, acenando ao PSD com a possibilidade de finalmente ter ‘uma maioria, um Governo e um Presidente’ – que foi o sonho nunca concretizado de Sá Carneiro –, deu aos militantes uma esperança que há muito andava perdida.
P.S. 1 – Ainda sobre o Congresso, é de elementar justiça elogiar Santana Lopes pela iniciativa e referir os discursos de Marcelo, Marques Mendes e mesmo Menezes, pelo seu conteúdo político. Quanto à tão falada ‘lei da rolha’, não merece comentário: torna-se óbvio que em período eleitoral um militante não pode andar a dizer mal do seu partido ou do seu líder.
P.S. 2 – Francisco Assis, o líder parlamentar do PS, que diz estar «tudo esclarecido» no caso Face Oculta e se indigna com o facto de o Parlamento querer investigar melhor o assunto, propôs que o mesmo Parlamento discutisse os estatutos do PSD, por incluírem a dita ‘lei da rolha’. Sucede que igual norma também existe nos estatutos do seu partido! A declaração de Assis constituiu, assim, um bom exemplo da precipitação, oportunismo e incompetência que tomaram conta de boa parte da prática política. http://www.paulorangel2010.com/

PSD/Diretas: Podem votar cerca de 79 mil militantes
O universo eleitoral das diretas de 26 de Março para a liderança social-democrata é o maior desde que o PSD adotou este método de eleição, estando em condições de votar mais de 78.900 militantes.
Nas primeiras eleições diretas para a liderança do PSD, que se realizaram em 2006 e das quais saiu vencedor Luís Marques Mendes, estavam em condições de votar cerca de 55 mil militantes. Desses, aproximadamente 20 mil exerceram depois o seu direito de voto.
Um ano mais tarde, em 2007, nas diretas conquistadas por Luís Filipe Menezes, o número de inscritos subiu para 63 mil e os votantes foram mais de 38 mil. Nas diretas de 2008, das quais Manuela Ferreira Leite saiu vencedora, o universo eleitoral foi de 76.388 militantes, dos quais perto de 46 mil participaram nas eleições.
No que respeita às próximas diretas de 26 de Março, o prazo para pagamento de quotas terminou na terça-feira e os cadernos eleitorais foram enviados pela secretaria-geral do PSD às secções e às candidaturas à liderança do partido na quinta-feira.
Dos mais de 78.900 militantes com direito de voto, mais de 16 mil pertencem à distrital social democrata do Porto. Seguem-se a Área Metropolitana de Lisboa, com perto de 13 mil inscritos nas diretas, Braga, com quase oito mil, Aveiro, com mais de seis mil, e Coimbra, com aproximadamente 4.500 militantes em condições de votar. Os militantes inscritos na região autónoma da Madeira são cerca de 2.500, nos Açores perto de 600 e nos círculos da emigração aproximadamente 1200, dos quais dois terços pertencentes a estruturas do PSD fora da Europa e um terço a estruturas da Europa (400? -Suíça: 101 !!!).  São candidatos às diretas de 26 de Março para a liderança do PSD Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros. Nessas eleições, os militantes vão também escolher os delegados ao XXXIII Congresso do PSD, que elegerá os novos órgãos do partido. Diário Digital / Lusa
DISCO DE OURO
Força Portugal !!!

SER BENFIQUISTA E PSD!

Anónio Dias da Costa

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