quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Eduardo Prado Coelho, antes de falecer (25/08/2007), teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos, por isso façam uma leitura atenta.

Precisa-se de matéria prima para construir um País
Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.

Agora dizemos que Sócrates não serve.

E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.

Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.

Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL,
DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;

-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.

-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.

-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.

-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.

-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.

-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.

-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não. Já basta.

Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.

Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.

E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa ?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?

Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados !

É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.

Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:

Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.

É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa ?... MEDITE !              EDUARDO PRADO COELHO

Avaliação em Cidadania Avançada ... por MÁRIO CRESPO

Diferenças
Assistir ao duríssimo questionamento da comissão de inquérito senatorial nos Estados Unidos para a nomeação da juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal é ver um magnífico exercício de cidadania avançada. Não temos em Portugal nada que se lhe compare. Se os nossos parlamentares tivessem a independência dos congressistas americanos, Cavaco Silva nunca teria sido presidente, Sócrates primeiro-ministro, Dias Loureiro Conselheiro de Estado, Lopes da Mota representante de Portugal ou Alberto Costa ministro da Justiça. O impiedoso exame de comportamentos, curricula e carácter teria posto um fim às respectivas carreiras públicas antes delas poderem causar danos.

Se a Assembleia da República tivesse a força política do Senado, os negócios do cidadão Aníbal Cavaco Silva e família, com as acções do grupo do BPN, por legais que fossem, levantariam questões éticas que impediriam o exercício de um cargo público. Se o Parlamento em Portugal tivesse a vitalidade democrática da Câmara dos Representantes, o acidentado percurso universitário de José Sócrates teria feito abortar a carreira política. Não por insuficiência de qualificação académica, que essa é irrelevante, mas pelo facilitismo de actuação, esse sim, definidor de carácter.

Do mesmo modo, uma Comissão de Negócios Estrangeiros no Senado nunca aprovaria Lopes da Mota para um cargo em que representasse todo o país num órgão estrangeiro, por causa das reservas que se levantaram com o seu comportamento em Felgueiras, que denotou a falta de entendimento do procurador do que é político e do que é justiça. Também por isto, numa audição da Comissão Judicial do Senado, Alberto Costa, com os seus antecedentes em Macau no caso Emaudio, nunca teria conseguido ser ministro da Justiça, por pura e simplesmente não inspirar confiança ao Estado.

Assim, se houvesse um Congresso como nos Estados Unidos, com o seu papel fiscalizador da vida pública, por muito forte que fosse a cumplicidade dos afectos entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, o executivo da Sociedade Lusa de Negócios nunca teria sido conselheiro presidencial, porque o presidente teria tido medo das cargas que uma tal nomeação inevitavelmente acarretaria num sistema político mais transparente. Mas nem Cavaco teve medo, nem Sócrates se inibiu de ir buscar diplomas a uma universidade que, se não tivesse sido fechada, provavelmente já lhe teria dado um doutoramento, nem Dias Loureiro contou tudo o que sabia aos parlamentares, nem Lopes da Mota achou mal tentar forçar o sistema judicial a proteger o camarada primeiro-ministro, nem Alberto Costa se sentiu impedido de ser o administrador da justiça nacional em nome do Estado lá porque tinha sido considerado culpado de pressionar um juiz em Macau num caso de promiscuidade política e financeira. Nenhum destes actores do nosso quotidiano tinha passado nas audições para o casting de papéis relevantes na vida pública nos Estados Unidos. Aqui nem se franziram sobrolhos nem houve interrogações. Não houve ninguém para fazer perguntas a tempo e, pior ainda, não houve sequer medo ou pudor que elas pudessem ser feitas. É que essa cidadania avançada que regula a democracia americana ainda não chegou cá.

Já começam a ser muitas figuras de bom senso a alertar Portugal. Que se unam. Compreendo que o ambiente não está propício para os capacitados intelectuais e de bom carácter, mas estamos todos à espera deles e tenho a certeza que terão apoio absoluto, para se poder acabar com esta corja e estado de coisas em que vivemos.

Ao “casamento” gay, segue-se a eutanásia? E porque não o casamento poligâmico?

SERÁ QUE NÃO EXISTEM PROBLEMAS GRAVÍSSIMOS NO PAÍS?

Numa sociedade onde se perderam os valores e o bom senso tudo é possível. Não vou aqui fazer o papel de moralista, mas sem querer melindrar os que têm orientação sexual diferente, não posso deixar de constatar que a chamada igualdade de direitos acabou de ser usada para meter no mesmo saco o que é desigual.

Que democracia é esta que só promove referendos quando pressente que a resposta será favorável? O PS, PCP e BE ainda vão continuar a fingir que defendem a vontade popular e que são democráticos?

Para além de não se perceber a ideia do PS de propor o “casamento” de gays em nome da não discriminação e simultaneamente impedir-lhes a adopção, o que é evidentemente uma discriminação a estes "casais", há muitas mais questões por esclarecer.

Por isso, importa, para já, fazer algumas perguntas:

1. O princípio constitucional da igualdade estabelece que deve ser tratado por igual o que é efectivamente igual ou não?

2. E o que não é efectivamente igual?

3. Já agora, à luz da “sacrossanta” não discriminação e do raciocínio primário da pseudo igualdade, agora que a chamada "maioria de esquerda" aprovou o “casamento” gay e impediu o referendo, o que se seguirá? A legalização da eutanásia e do casamento poligâmico?

4. A proposta equilibrada do PSD, instituindo a união civil registada, foi apresentada tão tarde porquê?

5. A Igreja católica e outras Igrejas cristãs estiveram quase caladinhas, porquê? E quando agora entrar numa Igreja um casal de homossexuais a pedir um casamento religioso? O que têm a dizer a isto os Srs. Bispos portugueses?

6. Para quê tanta pressa em fazer aprovar o “casamento” gay, se existem problemas muitíssimo graves no país (desemprego, fome, deficit excessivo, justiça, saúde, educação, etc)? Será que querem fazer de nós parvos?

Entretanto, o problema está na questão de, por enquanto, os "casais" gays não poderem adoptar.

Na minha modesta opinião, trata-se de uma armadilha ao Presidente da República, para o caso de ele vetar o diploma, entre outras razões, por ser uma "discriminação" face aos casamentos tradicionais!

Ora, o principal argumento para aprovar os casamentos gays foi precisamente por a sua não permissão ser uma "discriminação" perante o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Assim, se o PR vetar, entre outras razões, por a não permissão da adopção aos novos "casais" ser uma discriminação face aos tradicionais, então à actual maioria de pseudo-esquerda basta alterar o diploma ora aprovado e retirar-lhe a não permissão da adopção!

Perfeito maquiavelismo!

Espero que o PR o vete mas não use este argumento, pois o mesmo servirá às mil maravilhas para os gays passarem a poder adoptar. O melhor será enviar o texto ao Tribunal Constitucional, pois poderá lá ser abordada a questão jurídica fulcral, à volta do princípio da igualdade e da não discriminação, que eu interpreto que impõe que se trate por igual o que é efectivamente igual e diferentemente o que é desigual.

Claro que a nove lei é estúpida, dado que, presentemente, cada um dos gays pode adotar desde que não case e oculte a sua homossexualidade...

E no meio disto tudo onde anda o superior interesse da criança, que é o critério que deve sempre ser observado?   - Jorge da Paz Rodrigues
Gays: Conservatórias podem alegar objecção de consciência

As conservatórias querem saber se podem alegar objecção de consciência no momento de realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Um profissional da área da grande Lisboa, citado pelo Diário de Notícias, sublinha que «esta questão tem de ser debatida até porque vai colocar-se entre os conservadores».

«Já ouvi colegas perguntar se poderiam recusar-se a fazer este tipo de casamento», acrescenta ao DN outra fonte.

Embora reconheçam a legitimidade da dúvida, os constitucionalistas são firmes na resposta: «o dever dos conservadores é cumprir a lei. E se a lei não disser nada nesse sentido não podem pedir objecção de consciência» por este ser um acto meramente administrativo, adiantou Paulo Taborda, responsável pela Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSFP).

Os constitucionalistas lembram que os conservadores só se poderão recusar se esse facto estiver previsto na lei.
Marcelo: Lei do casamento gay é «aborto jurídico»

O ex-presidente do PSD e actual comentador da RTP, Marcelo Rebelo de Sousa, qualificou, este domingo à noite, de «aborto jurídico» a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ao mesmo tempo que alertou para a possibilidade desta poder vir a ser declarada inconstitucional, por negar o direito de adopção aos casais homossexuais.

Em declarações no seu programa «As Escolhas de Marcelo», o ex-líder social-democrata defendeu que em causa está o princípio da igualdade de direitos quando é vedado o direito de adopção aos casais homossexuais, surgindo o artigo terceiro do diploma como «um verdadeiro aborto jurídico, porque mete à força a proibição da adopção».
«Temo bem que seja uma violação do princípio de igualdade», já que «não vejo razões específicas para um casal heterossexual poder adoptar e um casal homossexual não», acrescentou o comentador.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda a opinião do penalista Paulo Pinto de Albuquerque (PSD) que considera a nova lei claramente inconstitucional e defende que vai contra a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, com o comentador a levantar igualmente a possibilidade da norma ter sido incluída no diploma propositadamente, como forma de desviar «as atenções da crise do país».

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