domingo, 17 de janeiro de 2010

Opinião

Filhos de um deus menor 

Chamam-lhe casamento. Mas não é. É a prova legislada de que Portugal é um país onde práticas discriminatórias se tornam lei. O que a Esquerda parlamentar aprovou é o absurdo. De facto e de jure diz aos homossexuais que podem fazer tudo como "os outros". Menos cuidar de crianças. Porque aí o partido de Sócrates "ainda" tem reservas. Pelo menos nesta legislatura. E por isso as cautelas com o bem-estar das crianças foram vertidas em forma de diploma. Porque o Partido Socialista tem reservas quanto aos homossexuais como educadores de infância. Porque "os superiores interesses das crianças" têm de ser salvaguardados. Logo, não estão salvaguardados com estes casamentos. Se tivesse confiança nos homossexuais para cuidar de crianças, Sócrates não fazia uma lei a dizer que não tinha.
E foi o que fez. E por força dessa lei de Sócrates, os homossexuais ficarão obrigados a usar nesta República centenária uma braçadeira branca com um triângulo cor-de-rosa a clamar pederastia. E ainda outra. No outro braço. A advertir que por isso, logo por causa disso, a República não lhes confiará crianças. Porque a república de Sócrates não confia que pais homossexuais possam cuidar devidamente de crianças.
A lei de Sócrates coloca braçadeiras nos homossexuais que caiam no logro de se incriminarem. Depois, esteriliza-os. Impedindo-os de constituir família pelo único meio que podem. Porque se o mundo dos afectos é complexo, o da biologia é impiedoso. Por isso, o partido de Sócrates vai ter de legislar mais para manifestar as suas "reservas" sobre a procriação medicamente assistida em casais homossexuais. Senão a sua "lei" ainda é mais absurda. Ou então vai ter de legislar e dizer que se enganou. Que é o que vai acontecer. E que afinal os homossexuais podem ser bons pais e boas mães. Mas só para a próxima legislatura. Quando o seu aparelho estiver a esgravatar outra vez votos. E então o slogan será: trouxemos aos homossexuais a felicidade do casamento. E agora vamos trazer-vos a da paternidade. Ou da maternidade. Porque, dirá o slogan, os homossexuais portugueses, afinal, são gente de bem que passaram a prova de idoneidade que Sócrates lhes impôs. Venceram o período probatório e podem tirar as braçadeiras.
Deu muito trabalho a trazer isto para Portugal, dirá Sócrates em campanha. Mas o trabalho liberta. Mais uma legislatura e deixam de ser assimilados a cônjuges. Passam a ser de jure cônjuges. Até lá, a República não pode entregar as suas crianças aos cuidados de homossexuais.
O estranho é que a Esquerda (quase) toda se deixou levar por (mais) esta manifestação do insuportável tacticismo a que consegue chegar o aparelho partidário que Sócrates capturou.
O país devia ter-se pronunciado sobre tudo isto. Sobre o que fizeram aos homossexuais e ao casamento. De facto, vai ter de se pronunciar. Isto foi longe de mais.
Gays fora de bodas de Santo António

António Costa corrigiu ontem o "tiro" dos serviços da Câmara Municipal de Lisboa (CML), assegurando, em comunicado, que o modelo dos casamentos de Santo António não vai mudar para integrar pares homossexuais.
"Para que não haja equívocos, não haverá qualquer alteração ao actual figurino dos Casamentos de Santo António que não seja previamente acertada com a Igreja", lê-se na nota de imprensa enviada às redacções.
A informação prestada quinta-feira pelos serviços camarários, era a de que, entrando a lei em vigor, a CML passaria a autorizar a inscrição de homossexuais nos casamentos de Santo António.
O comunicado sublinha até que "não é intenção" do presidente da Câmara "propor à Igreja qualquer alteração ao actual modelo em decorrência da entrada em vigor da legislação que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo".
Confrontadao com esta nova posição da CML, o porta-voz oficial do Patriarcado de Lisboa afirmou ao JN que "não há qualquer compromisso da Igreja com a Câmara" porque "essa iniciativa é camarária e não da Igreja". Edgar Clara disse ainda que a Igreja não foi contactada pela CML no sentido de alterar o figurino da iniciativa camarária.
António Costa justifica o recuo com o argumento de que "é necessário respeitar os sentimentos religiosos associados à figura de Santo António, um santo da Igreja Católica, Apostólica Romana".
Entretanto, D. Duarte de Bragança, que se opõe ao casamento entre homossexuais, disse ontem à Lusa que se for dado o estatuto de casamento a essas uniões, terá que se aceitar adopção.

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